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Filme: Evidências do Amor

Atualizado: 16 de abr.

Crítica | ★★★★☆ | O filme se afasta das convenções típicas das comédias românticas ao evitar o pastelão e optar por um humor mais refinado e uma linguagem contemporânea


Crítica do filme Evidências do Amor (Sandy e Fábio Porchat)
Sandy e Fabio Porchat | Foto: Divulgação / Warner Bros. Pictures Brasil

Lançado em abril de 2024, "Evidências do Amor" é uma comédia romântica brasileira que conquista pelo humor inteligente e uma trama envolvente, dirigida e co-escrita por Pedro Antônio Paes, com Luanna Guimarães. O filme tem como protagonistas Marco (Fábio Porchat) e Laura (Sandy Leah), com a notável participação de atriz Evelyn Castro em um elenco que demonstra uma química indiscutível.


Marco e Laura se conhecem de forma inusitada numa noite de karaokê, após uma performance conjunta do clássico "Evidências", famoso na voz de Chitãozinho & Xororó. A música, composta por José Augusto, não só inicia mas também tece o curso de seu relacionamento. O romance, que parecia ser dos sonhos, chega a um ponto crítico quando Marco é deixado no altar. A situação toma um rumo ainda mais extraordinário quando ele descobre que cada vez que "Evidências" é tocada, ele é transportado para o passado, onde revive e testemunha as falhas e discussões entre ele e Laura. Percebendo que a relação não era tão perfeita quanto imaginava, Marco vê nessas viagens ao passado uma chance de corrigir seus erros e alterar seu presente, buscando um final feliz.


A premissa de "Evidências do Amor" explora o poder da música "Evidências" como um catalisador emocional que é profundamente enraizado no imaginário brasileiro, possivelmente a canção mais conhecida do país. Este elemento confere ao filme uma proximidade imediata com o público, que se vê embalado pela familiaridade da melodia e pelas reviravoltas da trama. O roteiro habilmente usa a música não apenas como um recurso narrativo, mas como um verdadeiro personagem que guia a jornada de Marco.


O filme se afasta das convenções típicas das comédias românticas ao evitar o pastelão e optar por um humor mais refinado e uma linguagem contemporânea. A dinâmica entre Marco e Laura, enriquecida pela atuação carismática de Sandy e o timing cômico de Porchat, sustenta o filme com momentos que são tanto hilários quanto tocantes. Sandy, embora atue de forma competente, traz muito de sua persona pública para a personagem de Laura, o que às vezes reduz a complexidade desejada para o papel. No entanto, sua performance é genuína e carismática, facilitando a torcida pelo casal.


A trilha sonora amplia a experiência do filme, transcendendo "Evidências" para incluir outras canções icônicas que são habilmente utilizadas para complementar ou contrastar com os momentos vividos pelos personagens, potencializando as emoções na tela. A fotografia do filme é notável, com uma composição de imagens que não só captura a beleza das cenas mas também reforça os temas do filme de maneiras subliminares e impactantes.


Curiosamente, "Evidências do Amor" busca inspiração no aclamado filme "A Origem" de Christopher Nolan, particularmente na utilização de uma estrutura narrativa que permite viagens através de um elemento catalisador – neste caso, a música. Assim como "A Origem" utiliza o conceito de sonhos como portais para a manipulação da realidade, "Evidências do Amor" explora como uma canção pode desencadear regressões temporais que oferecem ao protagonista a oportunidade de alterar seu passado. Esta analogia não só enriquece a trama mas também introduz um elemento de suspense e complexidade psicológica raramente visto em comédias românticas.


"Evidências do Amor" é uma obra original e cativante que usa a música como um pano de fundo narrativo de forma inovadora, remetendo a outros filmes que transformam canções emblemáticas em espinhas dorsais de suas histórias. O filme oferece uma mistura inteligente de comédia e romance com uma abordagem que refresca o gênero, e se destaca pela habilidade em equilibrar entretenimento com uma reflexão emocional profunda, fazendo dele uma recomendação imperdível para os amantes do cinema brasileiro contemporâneo.


 

■ Por Richard Günter

Jornalista, pós-graduado em Roteiro Audiovisual e graduando de Cinema

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