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Crítica: A Bruxa

| Crítica

★★★☆☆

Sempre fui um apaixonado pelos filmes de terror. Minha mãe conta que, certa vez, ela cozinhava enquanto eu, as gargalhadas, assistia televisão. Ela parou o que fazia e foi conferir o conteúdo do vídeo, quando percebeu que eu via “Poltergeist”. Bem, eu tinha apenas 4 anos e me divertia com a cena em que chamavam repetidamente por “Carolaine”. Cena da qual ratifica minha iniciação à adoração pelo gênero.


Recentemente, assisti “A Bruxa”, de Robert Eggers, longe de se tornar meu filme predileto, afinal dizem que tenho um gosto exótico quando o assunto é meu filme de terror favorito, mas, o roteiro deste filme, além de ser bem gesticulado visando o suspense do terror, traz mais do que isso, uma reflexão atual importantíssima sobre o feminismo.


O longa se passa em 1630 e conta a história do patriarca William (Ralph Ineson), da mulher (Kate Dickie) e dos cinco filhos, expulsos de uma vila controlada por regras puritanas. Apesar de a comunidade ser ultraconservadora, o pai, apegado à Igreja com um alto grau de fanatismo, é considerado um sinal de desequilíbrio daquele vilarejo. A família, então, recomeça a vida em um vale, mas passam a ser ameaçados por uma suposta bruxa que mora na floresta ao lado.


Na história, as mulheres da família se tornam suspeitas de bruxaria, desde a caçula de cinco anos até a mãe, uma religiosa fervorosa. Mas a principal suspeita é a filha mais velha, Thomasin (Anya Taylor-Joy), uma adolescente que demonstra ter mais opinião do que lhe era permitido na época.


Apesar de ser ambientado no século XVI, o enredo apresenta uma protagonista que tem uma missão bem contemporânea: a luta pelo direito feminista. O roteirista estreante, e também diretor, Eggers soube conduzir muito bem a narrativa ao inserir um fato histórico do qual alinham as meninas de atitudes à bruxaria. Naquela época era muito comum jovens serem queimadas na fogueira por questões extremamente místicas.


Por outro lado, toca-se no sexto sentido e nas visões que pairam a loucura humana, por vezes postas ao abismo, quando na verdade são apenas projeções do que tem interagido com nosso subconsciente, acerca da vivência diária.


A fotografia de Jarin Blaschke não deixa a desejar. Os tons frios aplicados cena a cena deixam a história mais tensa e irreverente. A imagem cativa e nos insere ao propósito gélido da trama. Outro ponto positivo se destaca pelo trabalho de Mark Korven, responsável pela trilha sonora. Garoto, perfeitamente, insano ao dedilhar melodias que arrepiam e aguçam ao suspense. Vale ressaltar que o filme teve um baixíssimo orçamento na sua produção.

Se você espera levar alguns sustos durante a exibição deste filme, vai conseguir. Já se surpreender com o andar da história, diria que não. É um filme envolvente, repleto de enigmas, mas que repete uma técnica trivial de narrativas abertas, que pode deixar o público decepcionado.



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